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terça-feira, 3 de maio de 2011

A GRAÇA DA ILUMINAÇÃO

Para mim não é coincidência que o relato bíblico inicie com a descrição de um caos (tohu vabohu, no hebraico). Voltei a pensar nisto nos dias que se sucederam ao tsunami no Japão e a profusão de imagens do caos em que a terra se transformou. Nada no lugar, tudo amontoado, arrebentado, quebrado, inutilizado. Para mim, aquelas cenas foram as que mais me ilustraram o que o tohu vabohu significa. O texto do Gênesis afirma que a terra estava sem forma e vazia (tohu vabohu). O caos predominava. A assolação era inimaginável. Diante dos destroços deixados pelo tsunami, a gente fica perdido sem saber por onde começar e como fazer a limpeza de tamanho estrago. Assim era o início. Diante desta situação vem Deus e, sem que ninguém pedisse, sem que alguém tivesse sentido a necessidade, orado, clamado, exigido dEle uma providência, Ele toma a iniciativa de colocar ordem na bagunça. E o faz de maneira surpreendente porque não é a forma como faríamos. Ele fala e ordena as coisas, no duplo sentido que o verbo tem: dá ordens e coloca ordem. Só que havia um caos agravado pela escuridão. A primeira providência divina foi iluminar a bagunça. Nisto há uma dualidade de efeitos: tem-se mais clareza sobre a natureza do caos e agrava-se a sensação do caos. Um dos problemas que enfrentamos na vida é que o caos é uma experiência humana bastante comum. De tempos em tempos ficamos atolados em meio ao tohu vabohu que a nossa vida se transforma ou é envolvida. E quando estamos neste caos, parece que estamos em uma escuridão feito breu. Nada faz sentido, tudo é tão obscuro, falta clareza, cada coisa que se faz, pensa ou decide é como se fosse trombando com coisas que a gente não vê, não tem consciência. A outra questão é que, ao lançar luz sobre o caos, passamos a ver com clareza o tamanho do estrago, da crise. Ao lançar luz, a coisa fica mais feia do que imaginávamos. Na escuridão imaginamos, sob a luz conscientizamo-nos e este processo é dolorido. Por incrível que pareça, há quem prefira ficar na escuridão a ver a realidade do estrago e da catástrofe em que está metido. Tomar pé da situação é esclarecedor, mas, ao mesmo tempo, aterrador. Mas há aqui uma lição: não se ordena o tohu vabohu sem iluminar os fatos. Outro dado é que o processo de colocar ordem na bagunça não é mágico, algo que ocorre em um segundo. É um processo que toma sete etapas, muito ao contrário de alguns pregadores de poder que prometem consertar a bagunça de uma vida com uma oração. Parece que eles são mais rápidos e poderosos que Deus.

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