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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

VOU ORAR!



Tinha acabado de assumir o pastorado e, por orientação da Diretoria da Igreja, comecei a visitar as pessoas que, por enfermidade ou idade, estavam impossibilitadas de vir ao templo para os cultos. Uma das primeiras foi Dona Amélia. Logo que entrei no seu quarto, acamada que estava há bom tempo, ela me recebeu com sorriso e elogio e logo percebi que se tratava de uma pessoa alegre, de riso fácil, bastante comunicativa e brincalhona.
Disse a ela que tinha vindo para convidá-la para um jantar de recepção e que queria que ela dançasse a valsa comigo. Foi uma gargalhada só! De brincadeira em brincadeira o tempo foi passando e com ela estivemos, eu e minha esposa, mais de uma hora. Ao final deste tempo, pedi licença para ler um trecho bíblico, fiz uma oração e celebrei com ela a Ceia do Senhor, coisa que ela não participava há bom tempo, dada as suas circunstâncias. Lágrimas discretas rolaram pela sua face. Ela estava visivelmente emocionada quando me despedi.
Estava saindo do quarto quando ela me chamou e pediu que me acercasse. Tomou minha mão, olho nos meus olhos e disse: “quero pedir uma coisa, que faça uma promessa para mim”.
“Qual?”, perguntei. “Que não deixe o pastorado desta igreja antes que eu morra, porque quero que você faça o meu sepultamento”. Eu respondi que não podia prometer isto porque a minha permanência na igreja não dependia só de mim, mas era uma decisão colegiada, mas que eu sim prometeria que, não importa onde estivesse, eu viria para o seu sepultamento. Ela abaixou os olhos por alguns segundos, como que pensando, voltou a me olhar e disse: “eu vou orar pedindo a Deus que você não deixe a igreja antes de me enterrar”.
Fiquei emocionado.
Depois de um ano na igreja, tive problemas com um grupo que queria que eu deixasse o pastorado. Não conseguiram me tirar. Depois de três anos fui convidado para outra igreja, aceitei o convite e não deu certo. Outra igreja me chamou para uma visita, fizeram um convite formal, pedi tempo para pensar, respondi afirmativamente depois de alguns dias e eles nunca mais entraram em contato.
Eu tinha esquecido da oração da Dona Amélia!
Estava no final do meu sexto ano na igreja quando ela faleceu. Fiz a cerimônia fúnebre tal como havia prometido. Neste tempo a igreja havia renovado meu convite para mais três anos, estava na fase final de uma grande reforma e tinha planos mil.
Uns vinte dias depois do falecimento da Dona Amélia recebi um recado que estavam querendo falar comigo e que era uma ligação internacional. Atendi e era um convite para eu ir para o Equador assumir uma secretaria do Conselho Latino Americano de Igrejas. Eu não queria ir. Conversei com alguns amigos e todos me aconselharam a aceitar. No domingo em que meu compromisso de renovação por mais três anos era celebrado, eu comunicava à igreja que estava deixando o pastorado.
Mudei para Quito. Uma noite acordei e foi como se estivesse escutando a Dona Amélia: “eu orei e você ficou até o meu sepultamento; agora você está liberado da promessa”.


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