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quarta-feira, 20 de abril de 2016

TEMER: SIM, HÁ O QUE TEMER!



Passado o episódio da votação na Câmara dos Deputados e a perspectiva de que o Senado venha a aceitar a admissibilidade do julgamento, teremos, no máximo, 180 dias de um governo tampão, com o anódino Michel Temer.
A ascensão dele à presidência traz algumas certezas: ele nunca dirá nada revolucionário, impactante, que traga novidade ou algo para se pensar. Ele tem a capacidade de tempero de um chuchu. Nunca ouviremos dele o Discurso da Mandioca, nem afirmações da existência da “mulher sapiens”, nem se equivocará dizendo que há a “mosquita do zica”. Antes, pelo contrário, seus discursos serão chatos, cansativos e um convite para mudar o canal depois de dois minutos. Usar metáforas? Nunca!
Outra certeza é que ele terá mais ouvidos que a antecessora. A sua trajetória política, tal qual a que ele sucederá, foi construída não com votos, mas com relacionamentos. Dizem que aceitou ser vice na chapa do Lula porque sabia que não conseguiria se eleger deputado. A sua força está na presidência do partido mais dividido do espectro político-partidário. Sabe costurar divergências.
O que ainda não consegui entender ou imaginar é como o partido mais governista do período pós ditadura (sempre esteve na crista da onda em todos os governos), e que tem o condão de participar e fazer oposição simultânea ao governo de plantão, conseguirá ser uno para governar o país. Como administrar o lado fisiológico do partido (ávido por boquinhas e quejandas) em um governo que será super vigiado pela população e pelo PT, PCdoB e PSOL?
Mais que isto, estranha-me o fato de que o PMDB quer lavar as mãos de um governo que, segundo a acusação, cometeu crime de responsabilidade, quando teve, ao longo de todo o tempo, ministros e o vice-presidente andando na carruagem presidencial. Serão tão santos assim? Como ser santo em companhia de campeões de denúncia no STF?
Há que se considerar que o Palácio do Jaburu, desde que se tornou provável a admissibilidade no caso da Dilma, a romaria de políticos se instalou, todos ávidos por serem lembrados na hora das nomeações. Até um grupo de religiosos foi lá para orar pelo Temer. Se conheço algo destes “religiosos”, foram se tornar visíveis/candidatáveis para uma possível nomeação.
O governo PT, com seu presidencialismo de coligação se mostrou inviável. O que vejo até agora é a continuidade do modelo. No entanto, creio ser de bom alvitre esperar as águas correrem debaixo da ponte e analisar as primeiras nomeações para se ter uma ideia por onde o rio correrá. Com certeza Alfredo Nascimento, Geddel Vieira Lima, Romero Jucá e Henrique Eduardo Alves, Moreira Franco, todas figurinhas carimbadas, terão seus espaços amplos.
Não nutro esperanças. Não creio em mudanças quando se usam os mesmos modelos e métodos. Tenho para comigo que o câncer da política brasileira é o PMDB, pela sua postura ambivalente nos vários governos do qual participou, pela forma como boicotou a candidatura de Quércia e Ulysses Guimarães, pela forma como negociou o seu apoio nos momentos cruciais de governos e da nação. Quero ver o Temer ter o apoio massivo do PMDB! Se o fizer, ganha o prêmio Nobel da Paz! Ele terá que administrar a crise política, econômica, financeira, os caos na saúde e educação, e ainda agradar os parceiros de partido e os aliados de primeira e última horas.
Tudo isto em um clima de temporariedade, acirramento dos ânimos políticos, Lava Jato, julgamento no TSE dos gastos da sua campanha, com o compromisso de não ser candidato em 2018 e outras coisas que penso, mas a prudência me faz calar.
Temo o Temer!
Marcos Inhauser

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