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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

BIG DATA



Sem muito o que fazer fora de casa nestes dias de invernos que tem chegado aos dez graus abaixo de zero, o negócio foi ir a um museu aqui em Beijing. Fomos ao Museu da Capital, que tem a apresentação de objetos de um mesmo tema em ordem cronológica. Assim, a seção de cerâmica apresenta os mais antigos vasos de barro encontrados na área de Beijing, a evolução da técnica, até chegar à porcelana chinesa de primeiríssima qualidade. Esta concepção evolucionista está presente nas demais seções do museu (moradias, vida em sociedade, religião e suas obras de arte, etc.).
À medida que ia vendo os objetos e a evolução deles, eu tinha como pano de fundo um artigo que estava lendo na Harvard Business Review sobre informação (“Big Data”) que descreve a quantidade de informações que hoje temos à mão e como elas estão sendo direcionadas para promover os negócios, segmentando o público alvo e apresentando “oportunidades de negócios” segundo o perfil de casa usuário. Por que gastar propaganda de bebidas e cigarro comigo, se não bebo e não fumo? Melhor investir em quem fuma ou pode vir a fumar e beber. Por que gastar tempo tentando vender música rock, rap, hip-hop, axé a alguém como eu que detesto isto? Melhor me propor Bocelli, orquestras e música clássica.
E como eles sabem quais minhas preferências? Meu histórico de compras no cartão de crédito, minhas andanças pela internet, os restaurantes a que vou, etc.
Olhando as peças no museu e pensando neste mundo da informática e “data”, o que chama a atenção é a progressão geométrica do conhecimento humano. Se na antiguidade passavam-se séculos até desenvolver-se uma nova técnica cerâmica, hoje as inovações são do dia para a noite. Nunca se soube tanto sobre tanta coisa como hoje. O grande dilema da atualidade não é falta de informação, mas como selecionar o que se tem. Coloque-se no Google a palavra religião e se tem 52 milhões de resultados, Corinthians 74 mi, teologia 17 mi, Deus 248 mi, God 459 mi, Cristo 800 mi. Por aí vai.
Com esta quantidade de informação não é de se surpreender que haja tanta informação sobre a vida pessoal, sem que se tenha pedido licença ou autorizado. Fiquei assustado dia destes quando, ao pesquisar algo sobre a história da família Inhauser, descobri um site (pipl) que informa um monte de coisas a meu respeito, inclusive do tempo em que morei nos Estados Unidos e meu endereço em Chicago, onde vivi há mais de 20 anos. A privacidade foi para o espaço. Eu me senti como múmia em museu: mesmo depois de morto ainda tem gente me visitando e buscando informações sobre meu passado.
Por outro lado, fiquei pensando como é angustiante viver em tempos como o nosso. Se eu quiser saber se posso ou não comer ovo por causa do colesterol alto (622 mil artigos), vou achar um monte de informação, muitas se contradizendo, que chego à conclusão que pouco vão me ajudar a decidir, mas me ajudarão a conhecer o que se sabe sobre ovo.
A angústia está no saber e muito mais no decidir. Parece que o Coelet (pregador bíblico) é quem tinha razão: o muito saber é vaidade (Então vi toda a obra de Deus, que o homem não pode perceber, a obra que se faz debaixo do sol, por mais que trabalhe o homem para a descobrir, não a achará; e, ainda que diga o sábio que a conhece, nem por isso a poderá compreender. Ec 8:17; Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor. Ec 1:18).
Marcos Inhauser

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

UM TRÂNSITO SEM MOTOS NEM CAMINHÕES



É a segunda vez que venho à Beijing no inverno. O daqui não é tão duro quanto os que enfrentei quando vivi em Chicago (onde cheguei a sair de casa com -22º.C e sensação de frio de -43º.C). Nesta semana tivemos temperaturas de -8º.C. No domingo, o pior dia, às 10:00 da manhã estava -5º.C e um dia cinzento e feio. O que não vi até agora (apesar de estar aqui há quinze dias) foi o sol. Em parte pelo clima, mas em grande parte por causa da poluição.
Desta, assim como das outras vezes, tive a oportunidade de ir ao centro de Beijing (estou a uns 30 kms do centro, em um distrito). Uma coisa tem me chamado a atenção: o tráfego é pesado, mas até agora, não vi congestionamento, daqueles de ficar tudo parado. Comecei a pensar e a verificar algumas coisas do tráfego aqui.
A primeira constatação que fiz é que vi pouquíssimas motos. Aqui não há esta praga que tem infernizado a vida dos motoristas das grandes cidades e tem ceifado vidas em escala de guerra. Não há os costumeiros acidentes, com interdição de pista e ambulância buzinando para atender aos acidentados com as motos.
Outra coisa rara de se ver são caminhões. Já andei pelos cinco anéis que circundam Beijing, assim como semanalmente viajo pelo Rodoanel de São Paulo. A diferença é gritante. Em São Paulo, a concentração de trucks e biarticulados, com até nove eixos, é presença constante. Até agora não vi estes monstrengos por aqui. Mesmo os caminhões “normais” são em quantidade muito inferior ao que se vê em São Paulo, Rio e outras cidades brasileiras. Parece que aqui a opção foi pelo transporte ferroviário, mais barato e menos congestionador.
A terceira coisa que é raridade é ambulância com sirena aberta. Em um esforço de memória, não consigo me lembrar de alguma vez ter ouvido alguma sirena. Também não me lembro de ter visto carro de polícia de sirene ligada. Os carros existem, a polícia existe, mas sem espalhafato.
Ainda não vi helicóptero sobrevoando a cidade para levar endinheirados de um ponto a outro, nem para noticiar sobre condições de trânsito. Os carros quebrados ou com pane seca ainda não vi, em parte porque a gasolina tem preço acessível e as pessoas não ficam rodando no bafo. Os carros, na quase totalidade, têm menos de cinco anos. Não sei o que acontecerá quando a frota envelhecer.
Os ônibus são do tipo inglês (dois andares) e não vi os bi e triarticulados. Parece que preferiram verticalizar para levar mais gente em menor espaço ocupado. Os bi e triarticulados ocupam mais metros quadrados para levar gente.
Isto aqui não é o céu. Longe disto! Se o trânsito é melhor, a poluição é assustadora. Lembro-me que aa última vez quando estávamos indo ao aeroporto e ao longe uma nuvem escura pairava sobre Beijing. Meu neto perguntou o que era aquilo e a mãe respondeu: aquilo é poluição.
Se o trânsito tem alguns aspectos positivos, o mesmo não acontece com a internet. É lenta, irritante e não dá acesso a vários sites internacionais, tais como Google, Facebook, Blogs, Yahoo, Bing. Censura mesmo!
Marcos Inhauser

segunda-feira, 23 de março de 2009

TRÊS BEIJINGS

Esta é a minha terceira vez em Beijing. Na primeira delas, há quase oito anos, fiquei impressionado com a imponência das coisas. Tudo é muito grande, muito majestoso. Visitei a Grande Muralha, a Cidade Proibida, o Templo da Paz Celestial, a praça da Paz Celestial entre muitas outras coisas entre shopping centers e centros de comércio popular. A largura da avenida central da cidade foi algo que me deixou boquiaberto. Tudo me pareceu tão gigantesco, como não havia visto em nenhum outro lugar que eu tivesse visitado, exceto o Palácio de Versalhes.
Na minha segunda viagem fiquei mais tempo dentro de casa por causa do inverno e porque tínhamos vindo visitar o neto que tinha alguns meses de vida. Mesmo assim, em uma noite saímos para jantar e entramos em uma garagem no subsolo de um centro comercial e hotel que me pareceu um labirinto.
Nesta terceira vez fiquei assustado com o tamanho do novo aeroporto, com o requinte das suas dependências, com a quantidade de novas construções no entorno de onde minha filha mora, com a quantidade de coisa nova no centro da cidade, as novas avenidas e estradas, que me pareceu uma nova Beijing.
Em conversas com minha filha e amigos brasileiros que aqui vivem, bem assim alguns de outras nacionalidades, eles são unânimes em afirmar o ritmo acelerado das construções e mudanças que ocorreram para as Olimpíadas e que se estende até hoje. Aqui perto de onde estou, construíram um Centro de Convenções que muito seguramente é o maior do mundo.
Quando no sábado saímos para um passeio fora de Beijing, fiquei surpreendido pela quantidade de áreas de reflorestamento ao redor da cidade e meu genro me explicava a prioridade que se está dando para dar à cidade árvores e um cinturão verde como forma de minimizar a poluição (esta também monumental) e minorar as tempestades de areia que ocorrem em certo período do ano.
Nestas três visitas, todas feitas em período de inverno (ou final dele como esta última), não pude ver o verde que há em Beijing, especialmente com a massiva plantação de árvores para as Olimpíadas. Mas acreditando no que me dizem os que por aqui vivem, acho que terei que voltar na primavera ou outono para ver uma quarta Beijing, mais bela, mais verde e com menos céu cinza.
Uma coisa é comum às três visitas: ainda que me digam que este é um país comunista, não consigo acreditar porque tudo por aqui me cheira puro capitalismo. A quantidade de coisas com jeito ocidental, fastfood, hotéis de cadeias internacionais, em certos momentos me parece que estou em uma cidade americana ou européia.

Marcos Inhauser