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quarta-feira, 11 de julho de 2018

ASSASSINARAM A ESPERANÇA


Os recentes eventos judiciários tiveram o condão de matar a esperança de que alguma coisa séria possa acontecer neste país. Não bastassem as trapalhadas do executivo e sua equipe de trapalhões (Temer, Padilha, Marum e Moreira Franco), do Legislativo comandados pelos investigados Maia e Eunício, tivemos o presente de ver o judiciário envolvido em um festival de sandices e trapalhadas.
Tenho para comigo que a capacidade de nos envergonhar é contagiosa. Não bastasse o Liberador Geral da União com seus inúmeros Habeas Corpus concedidos, no que pese os atos cometidos pelos meliantes, no que pese a tese da plausibilidade levantada encampada por outros ministros garantistas, no que pese a decisão tomada algumas vezes pelo pleno do STF de que se pode prender quando há sentença transitado em julgado em segunda instância, há os que não a acatam e, em decisão monocrática, se rebelam contra a decisão colegiada. Liberam quem, por atos analisados, com o direito à defesa e ao contraditório, são condenados. Mas, usando de estratagemas e selecionando quem deve julgar, são liberados. Nem tornozeleiras precisam usar!
O recente evento com o petista, ex-afiliado ao partido por quase duas décadas, ex-assessor de Tarso Genro, Dirceu e outros mais, indicado para o cargo pela Dilma, o agora desembargador Favreto, contrariando a lógica e a hierarquia, libera um condenado. Não há como não ver no episódio malandragem e manipulação. Os fatos e a “coincidência” do plantão com a entrada de pedido de libertação, mais os trâmites que o fato provocou, só mostra que o judiciário também é hábil em fazer trapalhadas. Mas não vejo que isto seja privilégio dos petistas. Basta prestar atenção ao envio do caso Alckmin para o TSE, da absolvição do Aécio por falta de provas (o que também vale para a Gleisi e Paulo Bernardo), ao arquivamento de processos pela demora nas investigações envolvendo o Daniel Vilela e seu pai, o ex-senador Maguito Vilela (ambos do MDB).
Mais que isto, mostra como há gente empenhada em fazer do judiciário instrumento político. Quem mais perdeu nestes fatos foi a credibilidade, porque revelou setores que não conhecem a imparcialidade e a impessoalidade. A figura espúria desde a ótica do direito constitucional e eleitoral do “pré-candidato” foi usada para fundamentar “fatos novos”. Ao aceitar o inexistente para fundamentar uma decisão, abre-se a brecha para que outras invenções sejam usadas. A atuação deste “magistrado” merece investigação, ainda que, por causa do espírito de corpo que permeia o judiciário, não tenho esperanças de que algo possa acontecer.
Na minha visão o fato teve o seu parto na tese da “plausibilidade” defendida por outro magistrado que atuou nas lides petistas: Dias Toffoli. Penso ainda que o direito brasileiro, com sua penca de recursos possíveis, com todos os embargos, com a facilidade de se impetrar mandatos mil, de solicitar Habeas Corpus preventivo, vem se revelar como pernicioso para a condenação e efetiva aplicação da pena. Haja visto o que aconteceu com o Maluf: o tempo de tramitação e o cumprimento da pena em domicílio. Outros mais, que confessaram seus crimes, estão também no aconchego de seus lares, desfrutando de suas mordomias.
Se alguma esperança havia, gerada pelo julgamento do Mensalão e das várias sentenças prolatadas e cumpridas pela Lava Jato, a minha esperança foi assassinada. Instala-se em mim a consciência de que vivemos profunda crise institucional, ética e moral. E o pior: às portas de uma eleição insossa.
Marcos Inhauser

terça-feira, 26 de junho de 2012

OS IGUAIS SE ALIAM


Um sociólogo da Universidade de Chicago (que a memória não me permite recordar o nome), que afirma que há um elemento gregário no ser humano e que as pessoas se aliam a outras que são iguais a elas e assim formam grupos. Ele chama a isto de conformação tribal. A igualdade passa pela semelhança no vestir, comer, falar, interesses, etc. A afirmação tem sua lógica na medida em que nos sentimos confortáveis ao lado de pessoas que pensam igual a nós, que concordam conosco em quase tudo, onde as conversas fluem em um processo gradativo de troca de experiências e não fica patinando em afirmações e contradições.
Lembrei disto na semana passada por causa dos recentes episódios envolvendo dois líderes de partidos políticos. Para quem acompanha a vida política do país há algum tempo, especialmente a partir do golpe de 64 e o surgimento do movimento operário no ABC paulista que redundou na formação do PT, também acompanhou as idas e vindas desta cria da ditadura que hoje lidera o PP, mas que teve sua peregrinação iniciada na Arena e a carreira política fomentada pelas fardas.
Lula e Maluf viviam às turras, com farpas envenenadas atiradas dos dois lados. Há alguns anos era inimaginável pensar que um dia pudessem se aliar. Mas como já disse Tancredo: a política é como a nuvem, a cada minuto muda de forma. E nuvem mudou e muito a sua forma.
O Maluf continua o mesmo e até hoje deve explicações à nação sobre as acusações e condenações que tem, notadamente as que se referem aos desvios de recursos públicos e dinheiro no exterior. Ele sempre usou a fórmula maquiavélica de que “os fins justificam os meios”. Neste afim sempre se aliou a quem estava no poder e tentou se eleger em tudo quanto é cargo, de prefeito a presidente.
Do outro lado, o Lula encarnava a virgem pura da política, denunciando tudo e todos, especialmente Maluf e Quércia. Como não conseguiu eleger-se presidente adotando a postura purista e de paladino da moral, influenciado pelo amigo Zé Dirceu decidiu deixar o convento da castidade e partir para algumas relações menos santas. Aliou-se ao PCdoB, ao PSB e ao PR, dando a este a vice-presidência, que tinha sido do PRB (antes se chamava PMR) e do PR. Assim se elegeu. Já eleito, fez um leque de alianças que mais parecia arco-íris que algo ideologicamente construído. Em nome da governabilidade valia tudo. Tanto valia que se aliançou ao PMDB a prostitua mór da política brasileira, em pé de igualdade com o DEM. Impôs a Dilma como candidata e para elegê-la entregou a vice-presidência ao Temer, velha raposa política e do PMDB. Tentou o Kassab e sua cria, o PSD e se deu mal.
Agora os iguais e aliançam. Quem mudou? O Maluf ou o Lula? Quem está levando ao paroxismo a máxima maquiavélica dos fins que justificam os meios. Para tentar eleger um poste, vale tudo, até ir à casa do Maluf e tirar fotos sorrindo ao ex-desafeto. O Maluf continua a mesmo. Só resta aceitar que a mudança ocorreu no Lula e nos seus asseclas.
De políticos assim estamos cansados. Queremos gente com valores e que tratem a coisa pública com seriedade e não nos chamem de palhaços.
Marcos Inhauser

terça-feira, 1 de março de 2011

A DILMA OU A LULA

A eleição da Dilma para a presidência, por suas características e apadrinhamento, impõe a pergunta: o que elegemos? Uma mulher com identidade política própria ou uma versão Lula de saias? Ao prestar-se atenção às falas do Lula durante o período da campanha, a dúvida permanece e se exacerba, vez que usou frases como: “vou viajar o Brasil e o que eu perceber que não está certo, vou pegar o telefone e dizer prá Dilma – você precisa acertar isto”; “vou colar a faixa presidencial no meu corpo”; “não vou entregar a faixa presidencial à sucessora”. Com estas e outras que poderiam ser aqui elencadas, fica a certeza de que ele terá um longo e doloroso processo de esvaziamento da figura que incorporou como poucos: a de ser o presidente. Ele gostou da coisa e não vai largar assim tão fácil. O discurso da Dilma logo após a eleição é emblemático e enigmático: emblemático porque procurou se apresentar-se como mulher que conduzirá a nação, mas ao mesmo tempo é conhecida e reconhecida como gerentona, uma característica bastante masculina. Disse que vai dar continuidade à obra iniciada pelo Lula, se emocionou ao agradecer a ele o tempo de trabalho conjunto, exaltou-o ao ponto de o colocar como sábio, e que vai bater à sua porta muitas vezes. Ela assim revela um regime de codependência. O noticiário, por sua vez, vem dizendo que o Lula já está interferindo na escolha de ministros, sugerindo a permanência do Mantega e Meirelles, e talvez o Haddad. Ela, por sua vez, diz que só comunicará o seu ministério depois de conversar com o presidente, o que significa que ele vai interferir, ou no mínimo participar, do processo de escolha. Tantos sinais ambíguos geram incertezas e inseguranças, além da tremenda incógnita. Elegemos a Dilma ou a Lula? Só o tempo dirá. Mas um sinal para mim ficou evidente: no seu discurso logo após a eleição ela falava ladeada por homens. A única mulher que ali estava era uma ilustre desconhecida (ao menos para mim). Isto me indica que o governo da Dilma pode até ser presidido por uma mulher, mas ladeado de homens, que certamente terão papel preponderante e marcante no estabelecimento das políticas. Um deles vai coordenar o processo de transição (um que renunciou por causa de um escândalo) e o outro vai negociar com homens, donos dos partidos da coalizão, os nomes para compor os primeiro e segundo escalões e que, com toda certeza serão em sua grande maioria formado de homens. Assim, a primeira presidente do Brasil, vai ser mais enfeite feminino em um governo masculino. Marcos Inhauser

terça-feira, 5 de outubro de 2010

LULA, O GRANDE PERDEDOR

A opinião é pessoal e certamente não será endossada por muitos. Para mim, o grande perdedor desta eleição foi o gurumór. Ele insistiu em fazer uma eleição plebiscitária e não conseguiu. A terceira via veio de onde ele menos esperava, por uma pessoa que ele “engoliu” enquanto esteve no ministério e só não a colocou fora antes por causa da pressão internacional, dado o respeito que ela tinha. Uma ex-militante petista, que representa O PT não lambuzado com as mazelas de mensalão e Erenices, com um tema que não lhe agrada, vez que, vira e mexe ataca o Ibama por causa das licenças ambientais. Ele fez o PT de Minas engolir uma aliança esdrúxula com o PMDB para assegurar a vitória do Hélio Costa e deu no que deu. Nem o Senador conseguiu fazer. Perdeu de goleada. Ele investiu na candidatura do Mercadante, veio a público e usou da TV para pedir votos, mas não conseguiu fazê-lo passar dos 30% históricos que o PT tem no estado de São Paulo. Ele jogou as fichas na candidatura do Netinho e viu o candidato que estava na ponta, segundo as pesquisas, dançar e ficar em terceiro lugar. Ele jogou todas as fichas na candidatura da Ideli Salvati em Santa Catarina e ela amargou uma derrota acachapante. Investiu no Agnelo Queiroz no DF e, apesar dos escândalos envolvendo o Roriz e a renúncia deste e a substituição por uma candidata laranja, o candidato do PT vai a segundo turno. Pode-se afirmar que ele fez o governador do RS, mas lá, com o desastre da Yeda, qualquer poste falante ganharia a eleição. Ele fez o Jaques Wagner na Bahia, mas me pergunto se a eleição se deu pelo apoio do Lula ou tinha gravidade própria. No Maranhão (estranha aliança com a oligarquia mais longeva deste Brasil, que merece ser estudada por detetives), teve a eleição da Roseana na bacia das almas, assim como também o foi a do Tião Viana no Acre. A pergunta é por que o Lula, com tão alta popularidade, não conseguiu passar este apoio aos seus candidatos? Eu me pergunto: se o Lula estivesse concorrendo a um terceiro mandato, ele teria 80% dos votos. Toda a discussão sobre os Fichas Limpa tem levado mais gente a ficar atenta às denúncias de corrupção e o caso da Casa Civil foi emblemático. Mais do que isto, tenho para comigo que o que tirou votos foi a verborragia presidencial e o ódio destilado contra a imprensa. Foi um tiro no pé. Quero um país com liberdade de expressão e de imprensa e não um país a la Chavez e Castro que determinam o que deve ou não ser publicado. Pela liberdade de imprensa, tantas vezes ameaçada por este governo do PT, voto contra. Marcos Inhauser

terça-feira, 10 de agosto de 2010

RUIM DILMAIS

Estava girando os canais da televisão para encontrar algum que estivesse dando notícias e eis que me deparo com o programa do Datena (na minha opinião, devia ir para o Guiness pela capacidade de repetir as mesmas frases ad nausean). No início, confesso que não a reconheci. Quando a reconheci, fiquei com dó. Mais parecia a Dona Xepa. Um figurino do tipo comprado em camelô, uma postura de quem estava desconfortável. Fui forçado a reconhecer que era ela, a candidata nascida a fórceps. Sua presença, postura e fala foram ruins dilmais. Ela parecia mais um ET que uma candidata a presidente. Senti insegurança, desconforto e falta de molejo para responder às perguntas. Sofrível. Comecei a me perguntar o que será do horário eleitoral gratuito. Aguentar o Serra tentando ser professor, a Dilma vendendo ser cria do Lula (mas que nem com DNA se acha traços de parentesco), a Marina com seu discurso monótono-ambietalista. As perspectivas de se melhorar o quadro com os vices parece que também que está fadada ao enfadonho. Temer, Dornelles e Guilherme Leal. Deste jeito, a cada programa que assistir, vou tomar um Prozac. Mas a cara de ET da Dilma deve ser vista junto com algumas outras coisas. A cara que ela tem hoje, não é a cara que ela tinha e deveria ter ao natural. A plástica que fez mudou a cara (acho que o mesmo cirurgião plástico que fez as plásticas da Elza Soares fez a da Dilma e a da primeira dama). O seu currículo acadêmico também passou por uma plástica, que arredondou formas incluindo um doutorado em Ciências Econômicas na Unicamp que nunca fez. Depois soube-se que seu relatório sobre as obras do PAC também tinham cirurgias plásticas, indicando realizações não feitas. Nas andanças com o gurumór, inaugurou obras inacabadas, plástica de mostrar o que não existe. O PAC2 rejuvenesce obras do PAC1, outra obra plástica. Nestes dias descobriu-se que ela é ruim dilmais também na net: colocou em seu site (http://www.dilmanaweb.com.br/) uma foto de juventude que não é sua, mas da Norma BengelL, participando de passeata no Rio. Os desavisados vão engolir gato por lebre e achar que ela é quem está na foto do meio, porque a da esquerda e da direita são dela. Confesso que recebi outra foto da Dilma, em uniforme militar e com um charuto na boca. Nesta ela estava mais à vontade que diante das câmeras do Datena e mais natural que a foto da Norma Bengell. Parece que o povo simples é quem está com a razão: é a Vil-má Duxefe! Marcos Inhauser

terça-feira, 2 de março de 2010

SILÊNCIO CRIMINOSO

A antiga literatura semítica de cunho sapiencial valoriza o silêncio como expressão da sabedoria. Há um verso bíblico diz que “o falar é prata, mas o calar-se é ouro”. Tiago, mais tarde, diz que “quem refreia a sua língua sábio é”. Na história da devoção e da espiritualidade há uma forte ênfase no silêncio e na contemplação. Os mosteiros e conventos se prezavam pela preservação desta atmosfera silenciosa, porque o barulho e as palavras podem distrair. Também, e por diversas vezes, critiquei nosso guia mor pela sua verborragia, afirmando que ele fala demais, e quem fala demais dá bom dia a cavalo. Citar as vezes em que o mesmo fez isto já foi objeto de livros escritos com as pérolas da incontinência verbal do sindicalista mor. Ele seria muito mais sábio e sóbrio se refreasse a língua. Ocorre que, a mesma literatura semítica introduz um aspecto no qual o silêncio não deve prevalecer. Em um texto sacerdotal, se afirma que “quando alguma pessoa pecar, ouvindo uma voz de blasfêmia, de que for testemunha, seja porque viu, ou porque soube, se o não denunciar, então levará a sua iniqüidade.” (Lev 5:1). Segundo este preceito, calar-se diante do pecado, da injustiça, da blasfêmia é ser conivente e copartícipe do pecado. Pois isto ocorreu neste dias com o nosso guru. É de sobejo sabido que este governo tem suas afinidades ideológicas e afetivas com o regime da ilha de Fidel Castro. Lá há dissidentes políticos que são prisioneiros e o são porque nenhuma ditadura aceita a crítica, a oposição consciente e consistente. Liberdade de expressão não é o forte do regime castrista. Um desses prisioneiros fez greve de fome por oitenta dias e morreu no dia em que nosso guia estava chegando à ilha. Houve uma condenação geral por parte de governos e estados. O nosso, bem ao estilo lulista, tergiversou e acabou por condenar a greve de fome como instrumento de pressão política. Que o prisioneiro tenha morrido não é de estranhar. A violência contra a dissidência na ilha é forte e constante, haja visto o que fizeram com a bloqueira Yoani Sanchez e seu esposo. Mas que o presidente tenha se calado diante desta brutalidade foi tão absurdo quanto a desculpa dada por Raúl Castro de que os Estados Unidos eram os responsáveis por esta tragédia. O guru fala quando não deve falar, fala o que não deve falar, mas quando deve falar, fica calado. Este silêncio é criminoso. Marcos Inhauser

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

NÃO LEU E ASSINOU

Parece que o governo do sindicalistamór está se especializando em trapalhadas. Ao longo da história do PT no governo, várias foram as trapalhadas em que se meteram. Mais recentemente vem aos borbotões. Relembro algumas das mais recentes, não em ordem cronológica: a reunião com os presidentes de países amazônicos com o Lula e o Sarkozy; a enrascada com a questão hondurenha; a transformação da Embaixada Brasileira em Tegucigalpa e hotel cinco estrelas para o Zelaya; a delegação à COP15 liderada por uma adepta da motoserra, que se digladiou em público com o Ministro do Meio Ambiente; a declaração pública na presença do Sarkozy de que compraria os jatos Rafale para depois se saber que não havia decisão na licitação, e que a FAB preferia outro jato. Nesta sua capacidade de se enrolar e criar trapalhadas, eis que agora vem o decreto presidencial dos Direitos Humanos que, segundo leitura feita por pessoas isentas e outras nem tanto, por organizações várias da sociedade civil e militar, é um atentado às liberdades constitucionais e ao mesmo Direito que pretende defender. Como exemplo cito os artigos 18 e 19 “Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.” e “Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.” O texto proposto pelo decreto é um atentado a estes dois direitos, pois quer restringir o uso de símbolos religiosos e “regulamenta” o uso da mídia para fins religiosos e estabelece a censura aos meios de comunicação pelo monitoramente editorial, com a possível suspensão e cassação de licença. Pertencendo a uma tradição religiosa que nasce na luta pela separação entre a Igreja e o Estado, isto me cheira intervenção indevida do Estado em assuntos privados. Já vi este filme nos EUA, onde, em nome da liberdade religiosa, não se pode ter celebrações religiosas nas formaturas, não se pode ir à escola com uma camiseta que tenha mensagem religiosa, é proibido orar em grupo na escola, etc. É a proibição em nome da liberdade, paradoxo maior. Não faz muito tempo li um artigo onde o articulista diz que a liberdade está diminuída pelas legislações que a querem normatizar e que o direito à opinião e a expressá-la, especialmente a religiosa, está sendo destruída pela legislação que a quer defender. Nisto os asseclas do sindicalistamór foram mestres. E o mestre não leu e assinou. Que falta que o hábito da leitura lhe faz e agora ainda mais. Marcos Inhauser

domingo, 8 de novembro de 2009

LUDAS

A sugestão do Lula de que, para se governar o país, até Jesus Cristo teria que fazer aliança com Judas, já provocou muita reação. Na minha última coluna confessei que não consegui resistir à tentação de também dar meu pitaco, não que eu tivesse coisa substancialmente diferente a dizer, mas porque, tendo algumas ideias na cabeça, cultivadas ao longo destes anos, via agora a oportunidade de colocá-las para fora. Escrevi mostrando como o Lula se julga alguém igual ou maior que Jesus Cristo, e dei alguns exemplos para provar minhas afirmações. Para surpresa minha, vários foram os e-mails concordando com o que escrevi, coisa um tanto rara. Como este espaço não me permite longas digressões, preferi escrever a coisa em dois capítulos: como ele se vê e como eu o vejo. Se nesta história há Judas, há duas possibilidades de entendimento: os aliados de Lula (o Messias) são Judas ou ele mesmo é Judas procurando um Messias para se aliar. Na história bíblica, Judas é uma pessoa com ambições políticas pertencente ao grupo dos sicários, uma ramificação dos zelotes que perpetrava violentos ataques, com punhais (sicarii), contra as forças romanas na Palestina. Outros derivam o seu nome do aramaico saqar, palavra que significava alguém "mentiroso", que é "falso". Judas, no entanto, queria mesmo é estar de bem com a elite governante e com os romanos. Sua participação inicial nos movimentos pode ter sido falsa ou ele sucumbiu às tentações do poder. Na história do Lula muitos foram os amigos e discípulos que foram entregues à execração pública, vendidos para abafar a opinião pública por trinta moedas de prata. Para não ir muito lá para trás, lembro como ele entregou à sanha das elites dominantes a colega de caminhada Cristóvam Buarque, destituindo-o com um telefonema, como entregou o Dirceu, o Pallocci e mais recentemente a Marina Silva. Neste afã de não perturbar as elites e os interesses do capital é que entendo porque ele seu governo nada fizeram para esclarecer os crimes de morte do Toninho e do Celso Daniel. Para mim o Lula é um Judas. Um Ludas que se aliou a um bando de outros Judas para a propalada governabilidade, tal como o Judas teria argumentado para justificar a entrega do Mestre. Lá também foi em nome da paz nacional que se entregou um perturbador da paz. O problema é que, na falta de um Messias, ele decidiu criar o seu, à sua imagem e semelhança. Ela vamos nós de Dilma. Marcos Inhauser

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

JUDAS OU JESUS?

Causou furor a frase do guru sobre a sugerida aliança entre Jesus e Judas. Muito já se disse a este respeito e tinha para comigo que não deveria eu me meter nesta tresloucada metáfora do sindicalista-presidente. No entanto as lombrigas me remoeram as entranhas. Fiquei a analisar o comportamento do pronunciante e tenho cá com meus botões algumas conclusões muito pessoais, que as comparto, não para disseminar o joio, mas para tentar entender o trigo. Não é de hoje que tenho prestado atenção e catalogado a insistência do guru em usar metáforas. Não conheço na história recente e mesmo anterior, alguém que usasse de tantas metáforas e analogias e que o fizesse com tal espontaneidade quanto o viajante-com-o-dinheiro-dos-tributos. Ele usa a abusa das figuras, ora com propriedade ímpar, ora com imperícia também ímpar. Só conheço outro que o fazia como ele e que se notabilizou com seus ensinos via parábolas, que foi Jesus Cristo. O guru-mór gosta da frase “nunca antes na história”. Ele se julga um divisor de águas, um ser que veio para dividir a história brasileira e quiçasmente mundial,entre o antes e o depois. Nisto ele se julga igual a Jesus Cristo, quem, sim dividiu a história entre o antes e o depois. O sindicalista também gosta de alardear que na sua gestão os famintos passaram a ter o que comer, que mais gente foi atendida nos ambulatórios, que mais transplantes se faz, que mais uma infinidade de coisas. Certa feita, quando visitava uma sinagoga, perguntaram a Jesus se ele era o Messias ao que abriu o livro do profeta Isaías e leu que os coxos andam , os cegos vêem, aos cativos é proclamado o ano da libertação. O Lula, segundo o Lula, está fazendo a mesma coisa. Jesus foi anunciado por um João Batista, voz que clamava no deserto, comia gafanhotos e mel silvestre. O Lula é o próprio. Saiu do clamar no deserto, comeu buchada de bode, bebeu o que veio e lhe deram. Se Jesus teve um precursor, o Lula foi seu próprio precursor. Nisto ele é maior que o Messias. Outras similitudes eu poderia apontar para provar que Lula se julga o Messias, o predestinado, o escolhido de Deus. Nesta condição ele tem os seus Judas e não cabe apontar porque sabidos e conhecidos pelos brasileiros. O problema é que este simulacro de Messias, ao invés de ser vendido pelo Judas, ele próprio se vendeu e se entregou. Deixou-se ser tentado pelo poder, andou transformando pedra em pão, se aliou a outros Judas, traiu a confiança de quem o elegeu e acreditou no seu reino pregado e proclamado por anos a fio e que acabou se convertendo no reino dos banqueiros, dos donos de telefonia, das construtoras, das ONGs não auditadas, dos sem-terra-com-verbas-públicas-milionárias.

terça-feira, 28 de julho de 2009

SUPÉRFLUO ÀS ÁGUAS

www.inhauser.com.br / marcos@inhauser.com.br

Prática da antiga navegação era, diante de uma tempestade e risco iminente de afundar, atirar às águas o que era supérfluo, como forma de aliviar, salvar o barco e chegar ao destino. A prática não mais é adotada na navegação de grande calado e talvez o seja ainda em pequenas embarcações. De uma coisa sei: o Lula sabe disto e usa a técnica na sua viagem pelo mar revolto da política, com o objetivo de perpetuar-se no poder.

Ele já enfrentou algumas tempestades que grande porte. O seu barco, denominado PT, esteve à deriva várias vezes, no que pese o fato de que muitos que o escolheram criam que estavam elegendo um Titanic: sólido e resistente.

No porto de partida houve festa e esperanças de que a viagem seria tranqüila. Ao alcançar alto mar, pegou a tempestade do Mensalão. Balança daqui, balança dali, o barco PT estava fazendo água e o capitão disse que nada estava acontecendo. Quando a coisa complicou, elegeu o supérfluo e jogou ao mar o Dirceu. Com a tempestade da viagem à Argentina da Benedita, ela foi jogada aos tubarões.

Mais tarde, com a tempestadezinha inicial do caseiro, percebeu que a nuvem escura virava uma grande tempestade, e lá foi outro supérfluo: Palocci. Houve ainda a tempestade do churrasqueiro do guru-mór, dos compradores de dossiê para favorecer a candidatura de um barco do navio, e lá foi ele jogar supérfluos dizendo serem aloprados.

Quando outra tempestade Rondeau, jogou fora o Silas. Depois foi a ministra com gastos exagerados no cartão, e lá foi ao mar outro supérfluo, ainda que os gastos com a filha Lurian tenham sido iguais ou maiores.

Agora, quando depois de hesitação e cobrança pública, o Mercadante solta uma nota como líder do PT no Senado dizendo que apóia a licença e convocação antecipada do Conselho de Ética, o sindicalista-mór manda o pau mandado do Ministro Mucio desautorizar publicamente ao líder de seu partido. Mais um que ele joga ao mar.

O que chama a atenção é que ele não jogou ao mar o Renan e nem agora o Sarney, no que pese a gravidade das tormentas. E se não o fez, só posso concluir que eles são mais importantes que o Dirceu, Palocci, Benedita, Greenhalg e outros petistas históricos. Se o seu barco PT está fazendo água, melhor saltar para outro que já provou que resiste a qualquer onda: o PMDB, barco que tem a capacidade de navegar sempre na onda do poder.

O que o leva a agir assim? Estratégia política? Ou blindagem para quando deixar o governo e vieram pedir explicações mais detalhadas sobra a atuação do filho, sócio da Telemar? Ou suas constantes viagens ao redor do mundo? Ou a compra dos Rafale para equipar o exército? Ou as verbas nebulosas da Petrobrás para as ONGS e empresas devedoras para com a União? Ele talvez terá que se explicar muito e nada melhor do que se proteger protegendo hoje pessoas que poderão ajudá-lo a blindar-se. Não tenho respostas, só perguntas.

terça-feira, 16 de junho de 2009

BOQUIRROTO

A sapiência humana já ensina há milênios que há mais sabedoria no silêncio que no muito falar. Os Provérbios bíblicos dizem que o falar é prata e o calar-se é ouro. Há ditado que diz que “quem muito fala, muito erra”.
Estes princípios me vieram à mente estes dias, e não pela primeira vez, por causa do nosso sindicalista-mór. Ele me dá a impressão que nunca desceu do caminhão de som do sindicato e que ainda não se deu conta de que não está na porta de indústria conclamando os companheiros.
Nesta semana o boquirroto veio a público dizer que a França iria indenizar as famílias dos acidentados no vôo. Imediatamente o governo francês emitiu nota negando e afirmando que o governo francês não tem nada a ver com isto (indenização) e que isto é coisa da empresa aérea.
Podia ter ficado quieto e não passaria por este vexame. O problema é que ele está fazendo escola. Semana antes, o ministro Jobim, sobre o mesmo assunto, disse o que não devia, afirmou o que não era verdade, e concluiu o que nem os mais renomados e reconhecidos peritos conseguiram.
A fala do guru-mór revela outra coisa, se não de forma consciente, mas por ato falho. Ao atribuir ao governo francês a responsabilidade que é da empresa aérea, ele revelou como vê a coisa pública e a separação dela com a privada. Não é de hoje que, no Brasil, a coisa pública é tomada como se privada fosse. Haja visto os recentes escândalos no Senado, Câmara, Petrobrás, etc... É o senador-presidente que tem neto e primas empregados no Senado por atos secretos e que “não sabia”, que empresta apartamento funcional em um gesto de caridade a um ex-senador doente, que recebe auxílio moradia sem ter pedido e sem ter notado que se lhe pagava tal benefício, é o outro que paga jatinho fretado com dinheiro nosso, que leva namorada para passear na Europa com passagens pagas com impostos, é o filho do homem que celebra contrato milionário com empresa telefônica para fazer não se sabe bem o quê, é o mensalão sustentado com verbas públicas segundo denúncia do Procurador Geral da República, e tantas outras coisas que vieram a público.
O cruzar da linha entre o público e o privado é a nossa história. E o partido de situação foi eleito pela bandeira que empunhou de moralidade no trato da coisa pública, mas o que se vê é o aparelhamento do estado e a transformação dele na república sindicalista. E o chefe falando o que não deve, falando mais do que deve e alegorizando como se a qualidade de um governo fosse proporcional à quantidade de metáforas produzidas. Lembrei do personagem do Jô Soares: “cala a boca, Batista”.

Marcos Inhauser