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quarta-feira, 18 de abril de 2018

AGORA VAI?

A Primeira Turma do STF deu mais um passo em direção à ansiada expectativa de muitos brasileiros: corruptos condenados. Aceitou a denúncia contra o Aécio e o tornou réu. Mais um do PSDB que se enreda com a Lava Jato. O Outro, o Alckmin, teve suas acusações encaminhadas para a Justiça Eleitoral (sabe-se lá por quais considerações isto assim se encaminhou), por crime de Caixa Dois, e prestou depoimento em sigilo. Só se soube depois que o tinha prestado. Ambos estão enrolados e devem estar tremendo como vara verde ao vento com a prisão do Paulo Preto, operador do PSDB. Se ele decide fazer delação premiada (e tem muita coisa para ser condenado e, portanto, para delatar), Aécio, Alckmin e outros tucanos de alta plumagem vão dançar.
Aos poucos, mesmo que com velocidades diferentes (Curitiba correndo como leopardo e a STF como cágado), as coisas vão sendo investigadas e julgadas. Faltam os bagres grandes como o Renan, Jucá, Eunício, Geddel e Temer. A próxima eleição ou a limitação do foro privilegiado vai dar mais celeridade às investigações e julgamentos. Ao menos é o que espero e, creio, a grande parte da população brasileira.
Neste universo de investigados e corruptos, há certa similaridade nos discursos dos indigitados: é trama política, há falseamento da verdade pelo MP, não existem provas, são ilações da promotoria, etc. Ataca-se o acusador sem dar uma palavra sobre o teor da acusação. Quando o fazem, aparecem as explicações mirabolantes que só quem acredita em Papai Noel engole. É o Cunha explicando suas contas que não são suas, mas de um trust onde era trustee (triste explicação), o Geddel dizendo que eram recursos de campanha, o Renan atribuindo à sua boiada extremamente fértil (média muito acima da mundial), o “não é meu porque não está no meu nome”, a amnésia seletiva que só faz recordar o que interessa e se esquece de coisas que possam complicar, etc.
Coisa de embrulhar o estômago é ver o Temer, com lama até o nariz, falar em combate à corrupção na reunião da Cúpula das Américas. Ele que comprou os votos para não ser investigado e que está com os amigos/escudeiros leais que foram presos e estão sendo investigados, que deve explicações sobre a reforma da casa da filha, que tem muito que explicar sobre o decreto dos portos que facilitou as empresas nada transparentes, seria o último que deveria falar algo. Mas com a cara lavada pela desfaçatez, falou o que falou e defendeu lá fora o que impede aqui dentro.
Ainda bem que ministros e procuradora, indicados pelos caminhos um tanto quanto obscuros das nomeações, onde candidatos a ministro do STF fazem campanha, perambulando por gabinetes, uma lista tríplice é deixada de lado na sua tradição, estão saindo do script que muitos achavam que teriam. Que a Raquel Dodge mande investigar os amigos do rei de plantão é algo alvissareiro. Que o Barroso e o Fachin tenham as posições que têm, mesmo tendo sido nomeados por presidentes do PT/MDB, dão certa vitamina às esperanças.
Mas ainda fica a espada de Dâmocles na cabeça: agora vai?

Marcos Inhauser