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terça-feira, 8 de setembro de 2009

ABDEUAMASSO

Segundo meus filhos, por corrigir quando tropeçavam em gramática, eu deveria ser professor de português. Não gosto da gramática, ainda que a considere importante, mas, sim, acho que gostaria de ser dicionarista.
Tenho certa obsessão pelo sentido exato das palavras, no que o estudo do grego e hebraico me ajudou. Mais teria me ajudado se tivesse estudado o Latim, mas fui da primeira turma que não mais precisou estudar as declinações.
Neste dias, por causa da celeuma levantada com o médico especialista em fertilização, passei a me preocupar outra vez com esta precisão quase que cirúrgica entre as palavras. Tenho para comigo que há vários termos que são, e neste caso específico estão, usados de forma indevida, vez que usado como ambivalência ou sinonimidade.
Não se pode colocar no mesmo balaio como se sinônimos fossem o assédio sexual, o abuso sexual, a violência sexual, o estupro e o bullying. Sem querer determinar o sentido preciso de cada expressão, trago aqui algumas reflexões.
O assédio é quando há investidas verbais, olhares lascivos, vigilância para flagrar. É algo que traz desconforto ao objeto da ação e prazer ao agente, talvez por patologia ou simples desvio de conduta. Não há no assédio o desejo de trazer dano à pessoa, mas de chegara ter um relacionamento. Não se trata das “cantadas” de um apaixonado. Nesta categoria, só que com mais intensidade está o bullying, que além de ter as conotações anteriores, tem também um desejo, confesso ou não, de trazer algum prejuízo ou dano à pessoa que é objeto de suas investidas.
No abuso sexual há, mais que olhares e frases, o toque fortuito ou explícito. É o passar a mão, o encostar-se provocativamente, é o ato de avançar para o campo físico a intenção manifesta, sem, contudo, haver consumação de ato sexual.
Na violência sexual há ação centrada em um desequilíbrio de poder entre o agente e a pessoa objeto, em que o primeiro, prevalecendo da sua força física ou circunstâncias, força a pessoa a atos sexuais, não genitais. O forçar ao sexo oral ou a masturbar entram nesta categoria.
No caso do estupro, no meu entender, há a conjunção, baseada em uma relação desiquilibrada de poder físico ou moral, em que a pessoa vítima é obrigada a uma relação genital ou anal.
No caso específico do médico em questão, ao ouvir depoimentos de vítimas e dos investigadores, confesso, não consegui ver caso de estupro, mas de violência e assédio sexuais. Não há nenhum relato, entre os que ouvi, de alguém que disse que foi forçada a manter relações sexuais, mas que ele, aproveitando-se da situação, as beijou, as acariciou ou as fez acariciá-lo.
Dito isto, salvo mais evidências que me façam mudar de opinião, ele é dado ao “amasso” e não ao estupro. Daí porque, melhor seria que mudasse seu nome para Roger Abdeuamasso.
Marcos Inhauser