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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

FMF

Também poderia ser FaMedFa ou FaMedFac.
Tenho ficado impressionado com a quantidade de coisas que entram no meu e-mail, Whatsapp ou Facebook falando de remédios alternativos, que curam desde calo até Alzheimer. Juntamente com esta enxurrada, vem as “pesquisas” de cientistas e Universidades, que “descobriram” isto ou aquilo.
Já escrevi aqui que não sou afeito às redes sociais. Uso-as esporádica e parcimoniosamente. Mesmo assim estou entupido de coisas médicas e pesquisas mil. Imagino quem é aficionado ou viciado nas redes. Não é para menos que a quantidade dos hipocondríacos tem aumentado exponencialmente.
Por outro lado, percebo na conversa de certas pessoas que há, cada vez mais, gente que se julga entendida nas doenças. Mencione em uma roda de pessoas que você tem gastrite, pressão alta, intestino preso, tosse há algum tempo, alergia ou dorme mal: você receberá um caminhão de receitas!
Isto tem resultado numa multidão que recorre aos médicos para que estes receitem o que já sabem e querem. Eles chegam, dizem ao médico o que têm e pedem que ele receite o remédio X, Y ou Z. Conversando com alguns deles, senti que eles enfrentam a geração “medicina Google”. Pegam o resultado de um exame, veem palavras difíceis, vão ao Google, digitam e já saem com um diagnóstico. Um deles me perguntou: para que vir ao consultório se já sabem o que têm e que remédio tomar?
Há algum tempo recebi de um médico amigo um e-mail. Estranhei porque ele tratava das maravilhas da banana. O e-mail dizia que ela cura uma enormidade de enfermidades, repõem potássio, vitaminas, regulariza intestino, tem baixa caloria e tem alto poder nutritivo, etc. e tal. Ao final ele dizia: estou largando a medicina e fechando o consultório. Vou plantar banana porque, com todas estas capacidades da fruta, não terei mais espaço para a minha prática.
Aliado a isto há os remédios milagrosos para fazer nascer cabelo, para insônia, para perda de pessoa, suplementos vitamínicos os mais variados, todos com poderes acima da média. Ressuscitam até mortos, a acreditar-se na propaganda. Busca-se informações e tem-se, invariavelmente: vendido somente pelo site ou telefone. Não se sabe o laboratório, farmacêutico responsável, se tem ou não aprovação da Anvisa. Ainda bem que nuinca ninguém veio me falar das maravilhas do chuchu, da abobrinha e do jiló. Morro de fome, mas não como isto!
Outros dizem que curam a fibromialgia. É uma mensagem que, quando você se dispõe a assistir, toma uns 40 minutos, falando e repetindo coisas para, ao final, tentar vender um livro.
Some-se a isto os propagadores da cultura fitness. Exercício os mais variados, malhação diária, levantamento de pesos, caminhadas, bicicleta, trilha, etc. Cada um deles, no fundo estão vendendo algo.
Vivemos uma geração de formados em Medicina pela FaMedFac: Faculdade de Medicina do Facebook. E como todo autodidata, estes “médicos Face” (ou Fake?) tem a arrogância de quem se acha o dono da verdade e detentor da cura dos males mais comuns. Desde limão em jejum, berinjela a granel, abacate sem açúcar, regime de alface, dieta da lua, nutrição dos astronautas, e outras coisas que dá para encher o jornal.
Não perca tempo discutindo. Nem cometa a besteira de falar de doença perto deles. Vai ouvir montanhas e nada de escutarem. Pensando bem, acho que vou abrir um blog sobre “como suportar os chatos médicos fakes”.

Marcos Inhauser