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quarta-feira, 11 de setembro de 2019

FALSOS SÁBIOS


Na minha última coluna pontuei alguns aspectos característicos do sábio e do profeta e a distinção entre eles. Recebi alguns comentários que me levaram a refletir mais sobre o assunto e a ele quero voltar.
Tanto o sábio como o profeta são pessoas de fala comedida e campos limitados de atuação. Como eles não têm resposta para tudo, sabem que o silêncio é sabedoria. O sábio fala pouco porque sua fala é fruto da reflexão, análise, investigação e, assim creio, ele é sábio em uma ou outra área, mas não o é em todos os assuntos. Uma pessoa que se acha entendida em todas as áreas, que entende de cesariana a motor a explosão, não é sábia: é cega e não se enxerga. Elas me fazem lembrar uma coisa que vi escrita em um muro de uma oficina mecânica em Manágua, Nicarágua: “especialista em carros nacionais e estrangeiros”. A primeira questão que me veio à mente foi perguntar qual era o carro nacional nicaraguense. A segunda foi questionar como podia entender de tudo.
Disto se tem duas características para se conhecer o falastrão do sábio, o verdadeiro do falso: quem fala muito, dá bom dia prá cavalo, fala besteiras, vomita insensatez. Disto temos exemplos no cenário brasileiro, especialmente no campo da política. A segunda é que o verdadeiro sábio não fala do que não entende, não julga o que não sabe, não acusa de ser falso o que não compreende. Se o faz é tolo e não sábio. É falso sábio.
Fiquei a me perguntar e revisar minhas memórias de um falso sábio e, confesso, não o encontrei. A razão para isto é que o falso sábio é descoberto e desacreditado em pouco tempo. Basta algumas conversas para que sua tolice seja explicitada e o pretenso sábio passa a ser motivo de chacotas.
Quero acrescentar uma terceira característica: o falso sábio se proclama como tal. Ele se afirma como sábio, se comporta como se tal fosse, se intitula como tal. No máximo tem um séquito de alguns cegos tão tolos quanto ele, que o aplaudem, muitas vezes familiares tão tolos quanto. O verdadeiro sábio é reconhecido como tal e nunca autoproclamado.
Há outra questão. O sábio, me parece, se atém à área das humanas. Ele fala e se posiciona sobre comportamento, valores, ética, conflitos, etc. O equivalente do sábio para as ciências e arte é o gênio. Einstein, Da Vinci, Michelangelo, Thomas Edson, Pascal, Lavoisier não são chamados de sábios, mas de gênios. Einstein era gênio, mas no campo das relações humanas, especialmente nas relações familiares, era um desastre. Da Vinci era um procrastinador inveterado e entregou meia dúzia das muitas encomendas que recebeu e que por elas recebeu. Michelangelo era de difícil trato, bem retratado no filme “Agonia e Êxtase”. Prosaicas são as histórias sobre o gênio Steve Job.
No entanto, a bem da verdade, devo admitir, alguns poetas maravilhosos, escritores talentosos, músicos que quase nos fazem tocar o divino quando os ouvimos, ainda que estejam na área que eu definiria como própria para os sábios, não são assim chamados. Penso em Frost, Victor Hugo, Goethe, Platão, Aristóteles e outros que são mais comumente chamados de gênios e não de sábios.
Para finalizar, não é a política o campo para os sábios. Eles têm um compromisso com a verdade, coisa rara na política. Alguns bons políticos são chamados de estadistas, mas não de sábios. Abraham Lincoln talvez possa ser considerado como tal, Mandela é outro. Estadista é o título para os políticos que se destacam e lideram a classe. Muitos políticos, especialmente os falastrões, estão mais para tolos que para sábios.
Quem sabe ler entenderá!

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

FALASTRÕES

Não sei se em algum outro momento da história humana se teve tantos falastrões em postos-chave da política. Nos dias que correm, há quase uma dezena deles, enchendo os noticiários com suas diátribes.
Exemplo maior deles é o Donald Trump. Quando abre a boca, impropriedades saem com fluência, veemência e insensatez. Fala o que quer, quando quer, onde quer. Haja vista que transformou a reunião da ONU em palco de ataques e ameaças.  Ele atira para todos os lados e acaba de comprar briga com os jogadores do futebol americano e do basquete. Não mediu as palavras e ouviu o que não deveria ter ouvido, como presidente que é.
Suas ameaças à Coreia do Norte foram interpretadas pelas autoridades do país (e com razão, digo eu), como declaração de guerra. Parlapatão, precisa de gente atuando como bombeiro para apagar os incêndios que provoca. A cada pouco vem a porta-voz dizer que o que ele disse não é o que disse. Neste mar de impropriedades diárias, muitos dos seus colaboradores já se foram, porque não queriam servir de acólitos no show do boquirroto.
Na América do Sul, como a seguir-lhe os passos, está Nicolas Maduro. Sua retórica bombástica ataca e acusa os Estados Unidos como a causa de todos os seus erros e desatinos. Sua fala, segundo ele, inspirada em Hugo Cháves que o visita como pássaro ou borboleta, além de parecer espada (comprida e chata, bem ao estilo do seu mentor, Fidel Castro), em nada deve às impropriedades do Trump.
Mais calmo nos últimos tempos, há o Evo Morales da Bolívia. Andou falando aos quatro cantos, disse o que quis e, ainda não entendi direito a razão, está em período de “silêncio obsequioso”.
No cenário brasileiro há alguns exemplares. Cito o Bolsonaro, tão falastrão quanto os anteriores, com a agravante de que defende torturador, a ditadura e fez apologia ao estupro. Um boquirroto que insufla a violência contra marginais e de sexualidade alternativa.
Outro exemplo é o Cristiano Zanin, advogado do Lula. Quando comenta o que aconteceu, tenho a impressão de que ele acredita que sua tergiversação dos fatos criará uma nova realidade. Ainda que não promova a violência física, tem o condão que tentar colocar todos contra o sistema judiciário brasileiro, único culpado pelos crimes atribuídos ao seu cliente.
Não posso deixar de citar neste rol o Silas Malafaia, histriônico, narcísico e oportunista, fala o que lhe dá holofotes.
O Gilmar Mendes é boquirroto-mór. Fala sobre tudo, dá palpite sobre qualquer assunto, desde cesariana até motor à explosão. Já disse que me parece que ele tem orgasmos quando ouve sua voz. Seus votos no STF são peças cansativas e de uma lógica toda peculiar, tanto que, quase sempre, são vencidos pela maioria. Quando tem um habeas corpus para julgar monocromaticamente, libera o médico Abdelmassih, o banqueiro Cacciola, os amigos da máfia do transporte do Rio, mas nega quando se trata de Joesley e Wesley (que, a bem da verdade, devem mesmo continuar presos). Ele se considera insuspeito para julgar até uma ação em que ele próprio é réu. É o caso, único na história da humanidade, da imparcialidade absoluta.

O silêncio deles seria uma benção divina!
Marcos Inhauser