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terça-feira, 5 de julho de 2011

INDIVIDUALISMO

Há vários anos li um livro, que se não me galha a memória, se chamava “O que pensam os Batistas” de um de tal de Crabtree. A tese dele era que o individualismo é o alicerce para toda a formulação teológica dos batistas. Tenho identificado algumas mudanças culturais que afetam a forma como nos relacionamos, mudanças estas que não vem do nada. Elas se relacionam com os avanços da tecnologia, a evolução demográfica e as necessidades dentro da economia, e também com filosofias. E neste conjunto há uma mudança importante: o individualismo que foi parte das culturas britânica e americana, onde, ao final da grande guerra houve uma preocupação com o bem estar social, mas que acabou sucumbindo ao individualismo. O individualismo tem como tese sagrada a supremacia do indivíduo. Fala de escolha individual, direitos individuais, liberdade, propriedade privada, os quais, juntamente a outros conceitos, se tornaram regra na sociedade individualista onde o sucesso individual, a riqueza individual e lucro individual são valores deontológicos. Ofereceu o convite público para que milhões de pessoas se amassem mais do que a seus próximos. Aqui se encontra um dilema fundamental: torna-se cada vez mais evidente que uma perspectiva individualista é centrada em indivíduos fortes, pois são os que dispõem dos recursos e da unidade para buscar os objetivos da sociedade individualista. Indivíduos fracos são penalizados. Eles são passíveis de ser roubados do seu estado de "indivíduo" e agrupados em blocos sem identidade subjetiva. É uma queixa comum dos desempregados, pobres e desfavorecidos que eles são vistos simplesmente como “números”, “portadores de cartões que devem se ajustar ao sistema”, “pesos para o sistema”, sendo ônus para o Estado (vide INSS). É muito pesado produzir para eles. Esta condição parece estar presente mesmo naqueles que operam os serviços. O contato diário com as "falhas" de uma sociedade orientada para o sucesso pode endurecer as pessoas que trabalham com eles, por exemplo, na administração dos benefícios sociais. Suspeita-se que são ladrões em potencial ou parasitas. É fácil tornar-se insensível e indiferente às necessidades das pessoas quando elas podem ser agrupadas em uma classificação impessoal. Isto, inevitavelmente, tem afetado as relações pessoais. Ética sexual, vida familiar e lazer estão sob a influência do individualismo. Passou a ser a maior barreira à intimidade: pessoas que decidem que “primeiro eu, depois eu e se der..... algo para os outros”, podem acabar sós se perguntando porque são solitárias. A ironia do individualismo é que ele começa com uma preocupação declarada para a realização do indivíduo (através da escolha individual, direitos individuais, a soberania individual), e o resultado é quase sempre que o indivíduo é desvalorizado e isolado. Buscamos nossa privacidade e liberdade com paixão, não querendo qualquer dependência forçada sobre nós. Queremos ser livres para escolher as pessoas com quem nos relacionamos. Partimos da nossa própria família para criar a nossa própria vida privada, familiar nuclear, com uma casa particular, um carro particular, um escritório particular, e não contente com isso, nós queremos dentro de nossa casa um banheiro privado, telefone privado, televisão privada e assim por diante. E quando atingimos isso nos perguntamos “por que estamos sós” E aí vem a teologia individualista botar mais fogo nesta lareira, promovendo competições espirituais e minando comunhões, botando os nossos no céu e os outros no inferno. Marcos Inhauser