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terça-feira, 22 de novembro de 2011

MINISTRO HISTRIÔNICO


O verborrágico foi embora, mas deixou o herdeiro no ministério: um ministro histriônico. A teatralidade, o exagero de gestos, as hipérboles despropositais, fazem do ministro Lupi o histrião par excellence.
Para se entender melhor a figura histriônica se pode relembrar de Odorico Paraguaçú, imortal personagem de Dias Gomes. Outro foi Sinhozinho Malta. Na vida real pode-se mencionar o locutor Gil Gomes, o vereador-cantor Aguinaldo Timóteo, a ex-senadora Heloísa Helena, o senador Pedro Simon, o Datena, entre outros.
O histrião fala alto, exagera nos gestos (gestos grandes e dramáticos), faz de uma fala simples uma peça de teatro, emocionaliza tudo, chora por nada e gargalha por menos ainda. Nos tipos mais característicos, ele é um comediante, a garantia de humor e risada.
Assim tem sido com o ministro Lupi. Cada vez que aparecia para anunciar os índices de emprego (isto antes das denúncias) ele conseguia fazer da apresentação de um relatório uma ópera bufa. Com os episódios que envolvem a sua gestão no ministério, ele está ainda mais histriônico.
A sua primeira defesa foi um show. Negou, acusou, gesticulou, cacarejou e bravateou. Mais parecia um santo saído de convento que ministro de governos nada santos. Passou a ideia de ser a reserva moral dos ministérios. Chegou o final de semana e novas denúncias, inclusive mostrando que havia mentido. Foi à Câmara dos Deputados e negou conhecer o Adair Meira e ter viajado em um King Air. Disse que tinha sido um Sêneca, como se o tamanho do avião diminuísse o deslize. Mais uns dias a aparece foto do Lupi descendo do King Air e ao lado do Adair, que ele disse não conhecer. Logo vem a público o Adair e diz que até jantar em homenagem ao ministro deu em sua casa.
Lá foi o histrião ao Senado explicar o inexplicável: não mentiu e nem poderia ter mentido porque quando lhe perguntaram não tinha ainda saído a notícia do King Air. Ao mais característico dos estilos dos governistas desta última década, a culpa é do assessor e ele não sabia de nada.
Bravatão, disse que só seria abatido a bala. Repreendido pelos palacianos, sai com a frase mais cômica de todas as suas investidas: “Eu te amo, Dilma”. Flagrado com a questão das diárias, antecipou o reembolso à espera de um parecer da CGU. Ele mistura fatos e versões, embola o público, o partidário e o pessoal, explica cantiflinianamente, fala mais do que deve, explica menos do que deve. Solta nota oficial negando que o avião da foto fosse o King Air, fato que depois teve que reconsiderar.
Esta ópera bufa já está se estendendo em demasia. Tal qual enredo de quinta categoria, não adiante esticar porque o fim é previsível: ele vai “sair de cabeça erguida, para ter tempo de preparar sua defesa”. Agradecerá a confiança depositada, acusará os acusadores, receberá o discurso da chefa de que o governo perde um excelente quadro, e tudo volta a ser como dantes e as ONGs continuarão a mamar nas tetas do Ministério.
Razão tem o Macaco Simão: “Fica Lupi, pelo bem do humor nacional”.
Marcos Inhauser