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quarta-feira, 12 de julho de 2017

TROMBOSE POLÍTICA


Eu já tinha sido alertado, mas a coisa me pegou feio. Tenho uma mutação genética conhecida como Fator de Leiden ou Fator V que causa uma predisposição à hipercoagulabilidade e à trombose. Isto ocorre pela interferência na atuação da proteína C. A mutação é mais comum na população da Europa e nos descendentes. Dizem que 5% da população tem isto, mas que não é comum em latino americanos, africanos e asiáticos.

Na semana passada tive uma Trombose Venosa Profunda (TVP) com direito a UTI e hospital e recomendação de repouso absoluto. Um trombo se formou e se alojou na veia da perna esquerda. O sangue era bombado e levado até ela pela artéria, mas o retorno era prejudicado e obstaculizado pelo entupimento da veia, o que gerou um inchaço e dores decorrentes. Confesso que me assustei com a coisa, mais por ter que ficar em repouso.

Diante do repouso forçado, tive tempo para ver as notícias, ler coisas e refletir. Acabei por concluir que a política brasileira sofre do mesmo mal. O sangue cheio de oxigênio é enviado aos órgãos. Há o voto popular, o pagamento dos impostos e taxas, mas existem trombos que impedem que o resultado da oxigenação seja completo porque a corrupção entope os canais normais de funcionamento. Há o inchaço e a dificuldade de funcionamento pleno. No setor público a trombose se chama burocracia, propina, apadrinhamento, indicação política, esquemas, caixa dois, sobra de campanha, etc.

O remédio é tomar algo que vá “desfazendo” o trombo, para que a circulação volte ao normal. No meu leigo entendimento, este “desfazimento” precisa ser cauteloso e lento para que o processo não espalhe pedaços do trombo por outras partes. No caso da política brasileira, acho que o processo está se dando pela Lava Jato. Ela tem trabalhado constante e regularmente, com a velocidade que a complexidade amerita, retirando trombos da circulação e, especialmente recuperando o oxigênio que se perdeu durante os anos em que a trombose correu solta nos mais vários órgãos e segmentos da vida pública brasileira.

Ocorre que, a cada dia, somos alertados por mais um Ecodopler feito pela Polícia Federal ou PGR, dando conta de alguma outra artéria ou veia que está entupida ou com circulação dificultada. Os médicos/políticos charlatães vão dizer que há perseguição política, que os diagnósticos são obra de ficção, que se se retira o trombo todo o corpo pode sofrer, que o estado trombótico é antigo, que há uma trombofilia no DNA da política, que o diagnóstico é maluquice, que os remédios são amargos e com sérios efeitos colaterais, que se se viveu até agora assim, porque querer mudar o DNA do fator coagulante?

Estamos às voltas com mais um Ecodopler que mostra um trombo na artéria principal do corpo público: o trombo chamado Temer. Ontem, por causa do repouso, tive tempo e paciência para assistir toda a sessão da CCJ. Fiquei estarrecido com as manobras feitas para preservar o trombo que obstaculiza a livre circulação. Trocaram peças, feriram a ética, alegaram o escambau para dizer que o trombo da nossa aorta não é trombo, mas ficção de uma equipe médica desqualificada. Negaram a qualidade do aparelho que trouxe os indícios, que o exame é viciado e o diagnóstico é irreal. Trocaram os auditores por gente mais maleável, que mudou a visão porque colocaram à frente do diagnóstico alguns cifrões e cargos.

Esta trombose temerosa precisa ser tratada e o coágulo retirado o quanto antes, para que a oxigenação volte a ocorrer. Meu medo é que entre outro trombofílico no seu lugar. Aí seria de Maia para a minha cabeça!!!!

Marcos Inhauser